Viver no mundo sem entender o verdadeiro significado do mundo, é como andar por
uma biblioteca imensa sem tocar os livros.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Devaneios acerca de Menorah

Hoje pela manhã, ao devanear sobre a diferença entre um castiçal e um candelabro cheguei a um assunto que acabou me interessando bastante. Um objeto conhecido como Menorah.

Antes disso, esclareço que (Espero não ser o único que não sabia sobre isso) um castiçal é um candeeiro com um só foco de luz (Em geral uma vela) enquanto o candelabro possui dois ou mais focos.

Voltando ao Menorah, trata-se de um candelabro de sete hastes composto de três partes principais: a base, a haste principal e as hastes secundárias. A principal destaca-se como uma haste vertical e dos dois lados desta, despontam três hastes secundárias encurvadas para o lado e para cima.

Constituída de ouro puro por toda sua enorme extensão, supõe-se que a Menorah tenha sido forjada pela primeira vez para o Tabernáculo Israelita pelo artista Bezalel, correspondendo a instruções de Moisés, mas nos dias de hoje ela possui diferentes significados dentro das religiões Cirstã e Hebraica.

A bíblia afirma que a Menorah foi inspirada em uma revelação do céu. Cada uma das suas sete hastes possuía uma cuia para o óleo, que diariamente era retirada pelos sacerdotes para limpeza e recolocação do óleo, pois seu fogo e iluminação possuíam um papel importantíssimo nos ritos religiosos. Quando da devastação do templo onde estava a Menorah, ela tornou-se o principal símbolo da fé judaica. O motivo da não difusão da Menorah como ornamento de rituais nos tempos modernos foi a proibição rabínica da reprodução e uso de quaisquer dos ornamentos do templo.

Na Bíblia Sagrada encontramos a seguinte citação em Êxodo 25: 31/40: "O Senhor disse a Moisés: Farás um candelabro de ouro puro, e o farás de ouro batido, com o seu pedestal e sua haste... seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três do outro. Estes braços formarão um todo com o candelabro, tudo formando uma só peça de ouro batido. Cuida para que se execute este trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte".

A passagem referencia o candelabro como sendo apenas uma imagem, uma sombra das realidades celestiais reveladas a Moisés. Porém, a Menorah possui também um significado oculto, onde o Candelabro é um Simbolograma da Criação. Mas que realidades eram estas que estavam expressas no Candelabro?

Segundo pesquisas localizadas sobre o ocultismo por traz da Menorah, na fonte http://www.hermanubis.com.br/ :

O Sepher Yezirah (Livro da Criação) ensina que "Os dez números e as 22 letras do alfabeto hebraico, constituem as 32 misteriosas sendas da Divina Criação”. Isto porque há uma espantosa correspondência entre a realidade e o valor numérico das palavras hebraicas. No hebraico, as letras do alfabeto servem também como números, portanto cada palavra há um valor numérico correspondente.

2 (dois) é o número da criação; símbolo do processo em que o 1 (Um), Deus, coloca algo fora de si. 5 (cinco) são os dedos da mão, representando a plena capacidade de criar. Então 32 é a criação completa em seus caminhos totais. 1 (um) é Deus, o sopro divino, a origem de tudo 2 (dois) é quando o sopro faz surgir o outro. Este outro vaza pelos 32 caminhos da criação. 3 (três) é a resultante da ação do 1 sobre o 2, é a água primordial, a matéria de tudo. 4 (quatro) é o antípodo de 3; é o fogo primordial. Os números de 5 a 10 são as dimensões do espaço que vão dar forma a toda a criação:

5 (cinco): Altura; 6 (seis): Profundidade; 7 (sete): direção Leste; 8 (oito) direção Oeste; 9 (nove) direção Sul; 10 (dez) direção Norte. Então, temos, a partir dos dez números, a matéria e a forma de tudo o que surgirá.

Para a continuação, precisamos do alfabeto hebraico. Ele está dividido em 3 (três) letras matrizes, 7 (sete) letras duplas e 12 (doze) letras simples, ou seja: uma trindade, uma heptata e uma duodecada. Estas letras misteriosas encontram sua expressão no universo, no ano e no homem.

As 3 (três) letras matrizes são: Aleph, Mem e Shin. Estas letras formam:

No UNIVERSO: ar, água e fogo;

No ANO: frio, umidade e calor;

No HOMEM: coração, corpo e cabeça.

Elas representam os 3 (três) elementos universais , no universo, é éter; no ano, umidade e, no homem, sopro vital. No universo, é o grande abismo de que surge a criação; no ano, frio; e, no homem, o líquido amniótico em que está imerso o embrião humano. , no universo, é fogo etéreo; no ano calor; e, no homem, o fogo do intelecto.
As 7 (sete) letras duplas (com 2 sons) representam:

* no UNIVERSO, os 7 (sete) astros (Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua);
* no ANO, os 7 (sete) dias da semana;

* no HOMEM, os 7 (sete) portais dos sentidos: 2 olhos, 2 ouvidos, 2 narinas e 1 boca.

Num paralelismo entre o macro e o micro cosmos, estas letras representam no mundo humano, determinados valores e seus contrários, a saber: Sabedoria - Insensatez Riqueza - pobreza , Fecundidade - esterilidade , Vida - morte , Domínio - dependência ,Paz - guerra ,Beleza - feiúra. E, finalmente, existem 12 (doze) letras simples que simbolizam:
no UNIVERSO, as 12 constelações de Zodíaco; no ANO, os 12 meses; no HOMEM, as 12 partes do corpo: 1 cabeça, 1 pescoço, 1 peito, 1 abdômen, 2 pernas, 2 pés, 2 braços e 2 mãos.

Representam também os fenômenos básicos da vida: fala, pensamento, andar, visão, audição, coito, olfato, sono, raiva, degustação e riso.

Façamos agora uma analogia entre a Criação tal qual acabamos de ver e o Candelabro de 7 (sete) braços.

O Candelabro é formado por: a) uma base; b) um eixo central; c) seis braços (três de cada lado do eixo); d) 12 esferas (situadas nos braços).

A base é tríplice, as quais simbolizam os 3 (três) elementos que os antigos consideravam primordiais: AR, ÁGUA e FOGO. Simbolizam também a Santa Trindade Superior.

A vida (base), é uma expressão de Deus, o Cosmo (braços), é outra. A vida e o Cosmo em seu conjunto, "carregam" Deus.

O eixo central é Deus. Ele é Um. Tudo está ligado a Ele.
Procuremos agora na figura do candelabro, os 10 números e as 22 letras, que perfazem os 32 caminhos (sendas) da Sabedoria da Criação.

Os números:

de 1 a 3 estão representados pelo números de planos da base; 4 é o número das esferas do eixo central; 5 é o número de frações resultantes da divisão das quatro esferas do eixo central; 6 pelas esferas situadas à esquerda e á direita do eixo central (formam dois triângulos que sobrepostos, formam o hexágono de Salomão); 7 pelas chamas. São os 6 dias da Criação, mas o dia de repouso (obra acabada); 8 pelo octógono dos planos da base; 9 é a soma das frações dos braços laterais (formadas pelas esferas) 9 + 9 = 18 = 9.; 10 é 1, é o eixo, é Deus, ao qual tudo está ligado e ao qual tudo retorna. As 3 letras matrizes estão simbolizadas na base; As 7 letras duplas, nas chamas As 12 letras simples, nas 12 esferas dos braços (= signos do zodíaco). Do começo ao fim o candelabro mostra-se unificado ao tema do Sepher Yezirah:

Agora, imaginemos a figura do candelabro invertida (lembrando que ele é a imagem das coisas celestiais. Diz o Sepher Yezirah:

"De três letras matrizes provêm três elementos primordiais: ar, água e fogo. Destes 3 progenitores emanaram os 7 (sete) astros, como prole; e destes astros, suas hostes e doze pontos oblíquos ou signos do zodíaco". As testemunhas fiéis destas asserções são: a trindade, a heptada e a duodecada. Diz ainda:

Ele, Deus, é Um acima de três, três estão acima de sete, sete estão acima de doze, e todos estão ligados".

Façamos uma análise desta frase: "Ele é um acima de três". Lembra que Deus transcende nossa capacidade de análise. Ele é infinito, absoluto, a fonte de emanação de tudo que se segue.

Três representa os aspectos do Infinito Ser; os aspectos transcendentes de Sua Natureza. É também o campo do espaço sideral onde se movem 3 (três) astros da oitava Superior: Netuno, Urano e Plutão ou Vulcano, cuja influência se faria sentir somente quando a humanidade tiver atingido um estágio superior de evolução.

Três estão acima de Sete. Os sagrados sephirot superiores que constituem o mundo Superior, ou a Trindade Superior, transcendem as dimensões do espaço, à própria Terra.

Situam-se anteriormente aos dias da Criação, aos astros que influenciam toda a vida terrena.
Os 7 (sete) elementos conhecidos como "dias" ou astros, são capazes de poderes e influência incalculáveis, pois regem também as letras duplas do alfabeto hebraico, que expressam as oposições da vida.

Sete estão acima de Doze. Significa que as dimensões do espaço apresentam pontos oblíquos que alteram sua força, assim como a escala musical tem sustenidos e bemóis que modificam os tons. Diz ainda o Sepher Yezirah: Há 22 letras e 10 números, pelos quais, o Eu Sou, Yah, o Senhor das Hostes, Todo Poderoso e Eterno, concebeu, ordenou e criou através de 3 Sepharim (a base), todo o seu reino, e por meio dela, forma Ele, criaturas primordiais, e todas aquelas que serão formadas no porvir.

O Candelabro encontrando em alguns templos Martinistas é pois, o símbolo da vida, de Deus e Sua Criação, que sustenta o Divino e orna Seu Santuário, imagem do verdadeiro tabernáculo, erigido pelo Senhor e não pelos homens.

Maimonides escreveu: "Alguns homens lutam pela riqueza; outros gostariam de ser fortes e sadios; outros ainda, almejam fama e glória. Mas os sábios aplicam seu coração à sabedoria, a fim de que, sabendo, possam compreender o propósito de suas vidas e conduzir seus destinos, antes que advenham as trevas".

A vã pesquisa entre as coisas exteriores é abandonada e toda a energia do Maçom é dirigida para seu próprio âmago, a fim de que, sua sagrada e inata herança, por tanto tempo negada, possa novamente ser reclamada, completa e em toda a sua beleza, pois agora, a chave secreta há tanto oculta ao homem, resplandece como um farol nas trevas da noite.
Ele é Um acima de três, três estão acima de sete, sete acima de doze e tudo está ligado.
Na verdade, esta é a batalha que travam todos os Martinistas. Enquanto estivermos perdidos na floresta dos erros e distantes das leis naturais e do caminho do meio, mais fortemente as trevas envolverão nossa existência . Portanto é necessário aos buscadores da Luz, cada vez mais dedicação, trabalho e humildade no desempenho de nossas obrigações.

Bom, mas findando, sei que o texto foi um pouco complexo, principalmente no estudo da relação com o alfabeto hebraico, mas espero que este tenha sido um bom tema para o primeiro post do Blog wonKnow. Seguiremos nesta linha daqui em diante.

Felizmente, meu devaneio resultou em um belo acréscimo cultural. Até breve.

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